Em virtude do lançamento do novo edital do TRE-PE, após o fiasco com a CONESUL em 2010, resolvi repostar o grande dia em que eu poderia ter conquistado uma vaga num tribunal não fosse a desorganização da DESorganizadora.
"Ah, vida de concurseiro... Viajar pelo
país em busca de uma vaga, sujeitar-se a situações às quais você não se
sujeitaria normalmente, fazer uma ótima prova e, em virtude da má
organização do certame, não saber se esse terá continuidade.
Definitivamente, vida de concurseiro é repleta de emoção.
Dia 17/01/2010
09:00h - Começo os preparativos
para o grande dia. Tomo banho, café. Verifico toda a documentação
necessária, o material para ir lendo durante a viagem, água, barras de
cereal, afinal não ia dar tempo ir a um supermercado e tudo no aeroporto
é um absurdo.
10:30h - Saio de casa. Minha mãe
vai me deixar no aeroporto. Chego com uma hora de antecedência, mas a
fila para o chek-in está imensa. Pânico!( Não vai dar tempo fazer o
chek-in - penso). Vou atrás de um funcionário da companhia aérea e
consigo fazer o chek-in e embarcar.
11:35h - Avião finalmente decola. Rezo para que o avião não caia(era da TAM) e para que dê tudo certo.
12:25h - Céu num tom
cinza-azulado, o comandante solicita que os funcionários interrompam o
serviço de bordo. Começa a turbulência. Lá se vai minha concentração pra
terminar de ler a resolução 21.538. Alguns instantes dentro de nuvens,
tudo se normaliza.
12:45h - "Sejam bem-vindos ao
Recife"( por que " ao Recife" se Recife não pede artigo? Pensei que só
os Recifenses tivessem essa mania, mas...), disse o comandante.
Clima fantástico para um dia de prova: 13:00h, parecendo um fim de tarde chuvoso.
13:00h - Vou em busca de almoço.
Não há a menor possibilidade de fazer uma prova de estômago vazio ou
com preenchimento insuficiente ou precário, mas, antes, tenho que
comprar um cartão telefônico pois, "idiotamente"(neologismo carregado da
emoção do momento) não comprei o cartão antes. Tive que pagar 8 reais
por um cartão telefônico da Oi - dupla revolta...
13:26h - Já no restaurante, o
pedido finalmente chega. Quase 5 reais por um suco e me vem um refresco
de laranja de 300 ml... Chamo o gerente e o esclareço da diferença
entre suco e referesco, pelo menos no caso da laranja. Ele é solícito,
pergunta-me se desejo o dinheiro de volta ou um suco de verdade. Estou
com pressa, não quero nem uma coisa nem outra...
13:55 - O tempo voa... Ligo para
a empresa de táxi e a atendente informa que o táxi levará uns 10
minutos ainda pra chegar. Digo ok, porém estou disposta a esperar apenas
5 minutos. Curiosamente, em 2 minutos o táxi chega.
14:00h - Digo para o taxista que
ele tem que ir "voado", pois minha prova é às 14:30h. Ele acata minha
ordem e faço uma viagem com emoção, cheia de zigue-zagues,
ultrapassagens perigosas. Mas é isso mesmo.
14:20h - Chego ao local de prova. Verifico meu nome na lista. Subo para o andar onde fica minha sala.
14:22h- Identifico-me na entrada
da sala. Tiro o rótulo da garrafa de água mineral por solicitação da
fiscal. Vou até a cadeira reservada para minha pessoa. - número 29 (Só
depois analisei numerologicamente: um bom número... )
Após esse momento, perco a noção
de tempo determinado. Estou sem relógio, meu celular está sem bateria
na bolsa. Aguardo o início da prova.
Eu sabia que próximo à Escola
Luiz Delgado existia uma feira, mas não que ela havia sido transferida
para a dentro da sala em que eu ia realizar a prova. Deveria ter levado
meus tampões de ouvido. É incrível como no PI e em PE os candidatos se
conhecem ou desenvolvem uma amizade repentina e começam a conversar e a
rir como se estivessem numa festa.
Chegam as provas. A fiscal
solicita uma candidata(na minha sala só havia mulheres) para romper o
lacre. Creio que, pelo tamanho da saia da candidata, ela se decepcionou
ao ver que só havia mulheres no recinto. Porque, em dia de chuva, alguém
ir fazer uma prova com uma saia que, com dois dedos a menos, daria pra
ver o útero, esse alguém só poderia estar querendo desconcentrar os
candidatos do sexo masculino e as homossexuais. Aliás, intriguei-me
mesmo como deixaram alguém que foi quase nua fazer a prova.
Começa a entrega das provas.
Enquanto as provas estão sendo entregues, as candidatas continuam
conversando, mesmo as que receberam as provas. Solicito ao fiscal do
sexo masculino que chame a atenção para a conduta proibida em edital.
Ele diz "ok" e dá de ombros. Pense num fiscal bem preparado e com
moral...
A fiscal do sexo feminino se
prepara para ler as instruções, e a sala recusa a leitura. Cinco minutos
depois, começam as perguntas idiotas. Dispensam a leitura e perguntam
sobre o que está na capa da prova? Candidato além de cara de pau é
paradoxal...
Finalmente, o silêncio! Começo a
resolver a prova. Conhecimentos Gerais, tranquilo. Conhecimentos
Especificos me deixam em dúvida em duas questões. Fico até o final para
poder levar a prova e também para conseguir me lembrar de mais
informações para não errar as questões que me deixam em dúvida. Termino a
prova. Entrego meu gabarito.
Saio. Tomo um banho de chuva
enquanto espero o táxi. Chego ao aeroporto. Niguém no balcão e a
atendente não me deixa fazer o chek-in nas máquinas. Ela solicita que eu
fique na fila, aguardando para ser atendida pelos funcionários
fantasmas, pois só ela estava vendo atendentes no balcão. Após um
pequeno estresse, ela emite meu bilhete na máquina.
Finalmente, entro no avião.
Cansaço, sensação de dever cumprido. Fome amenizada pelo sanduiche que
foi servido (estava com qualidade inferior ao da ida, pois o pão parecia
de dois dias atrás, mas tava quente, tava valendo).
Uma hora depois: "Bem-vindos ao Aeroporto Internacional Pinto Martins". Ah, minha Terra da Luz, I'm back!. "